Fonte: José Albino
A descoberta do potencial do petróleo escondido na camada do pré-sal, em 2006, foi comemorada como algo que levaria a Petrobras a outro patamar. Não bastava a já dificílima tarefa de tornar o pré-sal viável, nos últimos anos, o governo usou a empresa para segurar a inflação, criar uma indústria nacional do petróleo, fazer política externa à custa de seu caixa, gerar empregos. Tudo somado, tem-se a receita para o desastre atual: a Petrobras, sete anos após a descoberta do pr[e-sal, é hoje a pior entre as grandes petroleiras do mundo.
Frequentemente acusado de defender interesses alienígenas, sobretudo norte-americanos, Roberto Civita, presidente do Conselho de Administração e diretor editorial do Grupo Abril, não esconde suas motivações. Diz que uma das saídas para a Petrobras seria abrir o pré-sal a outras empresas. "Sem uma Petrobras saudável, será impossível explorar as riquezas do pré-sal. E, sem dividir o fardo da exploração com outras empresas, o investimento em novos campos seguirá paralisado".
O crime de Lula, segundo Civita, seria reservar a riqueza do pré-sal para a Petrobras. "Tudo começou com a descoberta do pré-sal e a subsequente mania de grandeza que hipertrofiou a empresa a ponto do imobilismo. Em um de seus discursos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o pré-sal era uma "dádiva de Deus"– e que cabia ao governo garantir que as riquezas geradas a partir dali ficariam nas mãos do povo brasileiro. Tudo bonito no discurso; na prática, foi exigir demais de uma empresa só".
Além de pedir que empresas americanas explorem o pré-sal, Civita também reclama, na capa de Exame, um aumento maior da gasolina. Segundo ele, a estatal vem tendo seus preços contidos de forma artificial para segurar a inflação.
A reportagem critica a gestão de José Sergio Gabrielli, mas elogia a "transparência" de Graça Foster. Segundo Civita, Graça "tem feito o possível para salvar a Petrobras e o pré-sal". Falta, segundo ele, o governo fazer a sua parte, ou seja, permitir que empresas americanas tenham acesso aos blocos mais lucrativos.
Em Brasília, allinhado ao discurso do pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, o partido fará nesta terça-feira (12) uma ofensiva a fim de questionar a gestão petista na Petrobras. O partido realizará um seminário para debater o que consideram a "delicada situação" da estatal que, acusam, perdeu 40% do seu valor de mercado nos últimos três anos.
Em outra frente, o partido também defenderá a aprovação de um convite para que a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, compareça à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para discutir os rumos da empresa.
O seminário, intitulado "Recuperar a Petrobras é o nosso desafio - A favor do Brasil, a favor da Petrobras", contará com a presença do presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), do presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV), Tasso Jereissati, e do senador Aécio Neves (MG). Em discursos, Aécio tem sido um dos maiores críticos da gestão da estatal, classificada por ele como um dos "13 fracassos" petistas. Para o tucano, os governos do PT têm destruído o patrimônio das empresas públicas, como a Petrobras.
"A gestão da Petrobras, a anterior à atual, transformou a gestão da empresa numa caixa preta", criticou o vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), referindo-se à gestão comandada por José Sérgio Gabrielli. Ele lembrou que fez uma série de representações contra supostas irregularidades na estatal. O seminário, marcado para o início da tarde desta terça-feira na Câmara dos Deputados, contará também com a presença de representantes do DEM e do PPS.
Na outra frente, a CAE deverá aprovar também nesta terça-feira, com apoio da base governista, um convite para que a presidente da Petrobras vá ao Senado falar sobre os resultados da estatal.
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